O
povo brasileiro está de volta as ruas. Desde as últimas passeatas em Agosto de
1992 já se passaram quase 21 anos que não havia nada igual neste nosso país. Algumas
dúvidas obviamente vem a nossa mente e a primeira delas é se tudo isso não é “fogo
de palha”. Se daqui a 2 semanas, com as férias escolares, com o Brasil campeão
da Copa das Confederações, com as reduções nas passagens, todos recolham os
cartazes, voltem para suas casas e tudo volta ao normal. Normal porque, nós
brasileiros não somos de confusão, damos uma boiada para não brigar. Afinal,
não fomos para as ruas contra o mensalão, contra a corrupção, contra os
desmandos do governo, porque iriamos agora ficar reclamando?
A
segunda é se, a semelhança de Don Quixote, em lugar de “dragões” não estamos
lutando contra “moinhos de vento”. Quantos aumentos de R$ 0,20 já foram feitos,
sem que reclamássemos? Quantos mensalões já aconteceram, sem gritarmos? Quantas
injustiças já foram cometidas? Quantos julgamentos do nosso STF já terminaram
em pizza? Quantos corruptos já foram presos? Quantas verbas já desapareceram
sem que as obras ficassem prontas? Quantos políticos desonestos já foram
eleitos? E pior, com um sentimento de impunidade, todas essas coisas continuarão
a acontecer normalmente em nosso país, pois para resolvê-las, não depende de
uma passeata ou de um quebra-quebra. Somos um povo que tem vergonha de ser
honesto!
A
terceira dúvida é mais séria: estamos reclamando de quê? Talvez devido a
extensa pauta de reivindicações, parece que não temos nada que seja realmente
importante para reclamar.
É
aqui, creio eu, que entra nossa contribuição como cristão e como cidadão: há sim
coisas sérias para reivindicarmos. Há mudanças que têm que serem feitas. A
igreja nem os crentes podem continuar calados. Nossa cultura cristã está
impregnada de alienação e comodismo. Sempre ouvimos que crente não faz protesto,
não faz passeata, não se envolve nesta questões sociais e que nossa pátria está
no céu. Esta meia verdade, tem permitido ao longo dos anos um descaso por parte
da Igreja aos problemas que afligem nossos cidadãos. Finalmente, o gigante acordou!!!
A
Palavra de Deus nos ensina que “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz
nisso está pecando.” Tg 4:17. Para Calvino a igreja e o estado são 2
instituições procedentes de Deus (Rm 13:1-2) e são instrumentos de Deus aqui na
terra. Por isso essas duas instituições estão intimamente entrelaçadas por um
único objetivo: o bem do homem. Faz parte da vida cristã, acudir ao necessitado
(Ef 4:28), ou termos a sensibilidade de quando conhecer um irmão carecido de
roupa ou de alimento não dizermos simplesmente: Deus te abençoe!
A nossa responsabilidade como igreja no meio do povo é diretamente
proporcional a nossa mensagem de libertação e de paz. Calar-se neste momento é apoiar o
erro, é exaltar a corrupção é aplaudir a imoralidade. É hora de clamar, é hora
de converter nosso riso em pranto e nossa alegria em tristeza. Chega de
indiferença, cadê o seu cartaz?
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