CURA PARA ALMA
A
prática do perdão é nossa mais importante contribuição para a cura do mundo.
Marianne
Williamson
Detestamos perdoar. Me arriscaria sair
ao meio dia com uma lanterna pelas ruas para achar uma pessoa que goste de
perdoar, ou que perdoe o próximo com alegria ou com regularidade. Essa história
de perdoar 70 x 7 vezes que Jesus disse aos seus discípulos é muito difícil de engolir.
Porque isso acontece? Por 2 razões,
primeiro, geralmente as pessoas que nos machucam são aquelas muito próximas a
nós (marido, esposa, filhos, pais, etc.). Segundo, que as pessoas que nos
machucam geralmente são aquelas que convivem todo dia conosco, seja no trabalho,
na escola, na igreja. Um estranho raramente nos machuca, e quando o faz, pede
mil desculpas. Mas aqueles que estão próximo a nós, quando podem ou quando é
“necessário” eles querem mesmo é nos derrubar, nos destruir, nos esmagar (sem
qualquer frescura). É a luta pela sobrevivência, é a lei da preservação da
vida. Logo, quando o assunto é perdoar o ataque vem de todos os lados.
Sabe qual é o maior problema da falta
de perdão? É que ele nunca vem sozinho. Ele sempre trás consigo a família toda:
a D. Decepção, o Sr Desengano e a irmã mais nova a Desilusão. Com uma família
desta tem como perdoar? Como toda a família que se preza tem um bom vizinho,
esta também não fica pra trás. E o vizinho mais conhecido desta família é a D. auto-piedade
que também tem uma família muito grande como os filhos: coitadinho, que peninha
e Oh! dó. Resumo da ópera: somos sempre os desprezados, os que ninguém ajudam, logo,
o que “fazemos é apenas uma reação” daquilo que os outros fazem comigo.
Não é um defeito ou falha sua, mas todas
as pessoas que conheço têm dificuldade de perdoar, mesmo que isso lhe corroa
como um ácido a alma, nunca esquecemos uma palavra mais dura que alguém nos
fala, nunca esquecemos um momento que alguém nos ofende. Temos uma memória de
elefante para as coisas ruins e de ameba para as coisas boas.
Qual é a conseqüência? Vivemos doentes
e machucados. É possível até que quando olham para nós estejamos bonitos,
saradão e bem vestidos, mas nossa alma está em frangalhos. Temos que reconhecer
que onde há ser humano, há ofensa, desilusão ou decepção. Isso faz parte da
nossa natureza decaída, é resultado do pecado que há em nós. Somos egoístas,
vaidosos, orgulhosos e usamos estas coisas para atacar ou para nos defender e
até para sobreviver nesta selva de pedra. Não há cura natural para isso. Não há
um remedinho que passe esta dor. Ninguém deixa de graça uma desilusão ou um
desprezo. Queremos sempre dar um troco, revidar uma ofensa, devolver na mesma
moeda. Tudo isso só aumenta o sofrimento da nossa alma.
Eu disse que não há cura natural, mas há cura
para esta doença social, é possível se ver livre de tanta dor e sofrimento:
Paulo recomenda: Esquecendo-me, das coisas que para trás ficam e avançando, para as que
diante de mim estão (Fl 3:13). Para curar a alma, temos que olhar sempre para frente e para
o alto. Não perdoar é recuar e retroceder e se acovardar. Nós temos é que
avançar, ir adiante, fazer o que diz a música de Geraldo Vandré: “quem sabe faz
a hora e não espera acontecer”. O escritor de Hebreus nos diz que “não somos
daqueles que retrocedem” (Hb 10:39). Saiba de uma coisa importante: Se
sua alma não estiver bem, você nunca estará bem. Se você não conseguir perdoar,
você nunca será livre, nunca experimentará a verdadeira paz que Jesus trouxe
para nós. Perdoar é o remédio para a alma é o segredo da vida feliz, mesmo que
seja necessário lutar contra nossa natureza. Mas quem disse que ser feliz é
mole?