sexta-feira, 21 de junho de 2013

CADÊ O SEU CARTAZ?


O povo brasileiro está de volta as ruas. Desde as últimas passeatas em Agosto de 1992 já se passaram quase 21 anos que não havia nada igual neste nosso país. Algumas dúvidas obviamente vem a nossa mente e a primeira delas é se tudo isso não é “fogo de palha”. Se daqui a 2 semanas, com as férias escolares, com o Brasil campeão da Copa das Confederações, com as reduções nas passagens, todos recolham os cartazes, voltem para suas casas e tudo volta ao normal. Normal porque, nós brasileiros não somos de confusão, damos uma boiada para não brigar. Afinal, não fomos para as ruas contra o mensalão, contra a corrupção, contra os desmandos do governo, porque iriamos agora ficar reclamando?

A segunda é se, a semelhança de Don Quixote, em lugar de “dragões” não estamos lutando contra “moinhos de vento”. Quantos aumentos de R$ 0,20 já foram feitos, sem que reclamássemos? Quantos mensalões já aconteceram, sem gritarmos? Quantas injustiças já foram cometidas? Quantos julgamentos do nosso STF já terminaram em pizza? Quantos corruptos já foram presos? Quantas verbas já desapareceram sem que as obras ficassem prontas? Quantos políticos desonestos já foram eleitos? E pior, com um sentimento de impunidade, todas essas coisas continuarão a acontecer normalmente em nosso país, pois para resolvê-las, não depende de uma passeata ou de um quebra-quebra. Somos um povo que tem vergonha de ser honesto!

A terceira dúvida é mais séria: estamos reclamando de quê? Talvez devido a extensa pauta de reivindicações, parece que não temos nada que seja realmente importante para reclamar.

É aqui, creio eu, que entra nossa contribuição como cristão e como cidadão: há sim coisas sérias para reivindicarmos. Há mudanças que têm que serem feitas. A igreja nem os crentes podem continuar calados. Nossa cultura cristã está impregnada de alienação e comodismo. Sempre ouvimos que crente não faz protesto, não faz passeata, não se envolve nesta questões sociais e que nossa pátria está no céu. Esta meia verdade, tem permitido ao longo dos anos um descaso por parte da Igreja aos problemas que afligem nossos cidadãos. Finalmente, o gigante acordou!!!

A Palavra de Deus nos ensina que “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” Tg 4:17. Para Calvino a igreja e o estado são 2 instituições procedentes de Deus (Rm 13:1-2) e são instrumentos de Deus aqui na terra. Por isso essas duas instituições estão intimamente entrelaçadas por um único objetivo: o bem do homem. Faz parte da vida cristã, acudir ao necessitado (Ef 4:28), ou termos a sensibilidade de quando conhecer um irmão carecido de roupa ou de alimento não dizermos simplesmente: Deus te abençoe!
 
A nossa responsabilidade como igreja no meio do povo é diretamente proporcional a nossa mensagem de libertação e de paz. Calar-se neste momento é apoiar o erro, é exaltar a corrupção é aplaudir a imoralidade. É hora de clamar, é hora de converter nosso riso em pranto e nossa alegria em tristeza. Chega de indiferença, cadê o seu cartaz?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

OLHE PARA O CÉU


 
Enfrentar crises não é opcional. Todos, querendo ou não, passamos por crises. Quando estamos fracos, elas nos derrubam, quando estamos fortes ou não entregamos os pontos logo de cara nos tornamos verdadeiros guerreiros lutando contra os inimigos. É por isso que há os desanimados e os persistentes. Os que não resistem a uma luta, e os que nunca saem dela, mesmo que esteja todo machucado e sangrando. É mais ou menos isso que Paulo diz da sua experiência pessoal: “atribulados, porém não angustiado, perplexo, porém não desanimado, perseguido, porém não desamparado, abatido, porém não destruído” (2 Co 4:8-9). O Apóstolo Pedro afirma que uma vez confirmado o “valor da nossa fé, redundará em louvor, glória e honra quando Jesus voltar” (1 Pe 1:7). É por isso que afirmamos que as crises, de certa maneira, moldam e formam nosso caráter e nossa personalidade.
Você até pode imaginar que é uma forma excentrica e exótica que Deus usa para nos ensinar, mas por incrível que pareça, dá resultado. Crente não pode ser frouxo. Não pode ser daqueles que retrocedem. Não há crente covarde que foge da luta. Crente foi feito do “material mais resistente” na natureza. É por isso que fomos escolhidos desde antes da eternidade. Deus nos deu força e disposição mesmo que não consigamos enxergar 1 palmo a frente de nosso nariz.
Um bom exemplo foi Abraão. Deus o chamou e ele deixou tudo para trás, família, bens, propriedades, conforto do lar, segurança dos amigos, a certeza de uma vida tranquila. 25 anos se passara e nada do que Deus prometera havia acontecido. Pelo contrário, a terra que Deus lhe prometera, estava cheia de inimigos ferozes e em constante guerra. Ao fugir para o Egito foi preciso mentir para salvar sua vida. Seu sobrinho Ló, além de ter escolhido a melhor terra daquela região, agora havia se metido em confusão e Abraão teve que livra-lo do cativeiro. Como se estas dificuldades não fossem o suficiente, o rei de Sodoma resolve tomar tudo que era de Abraão, bens e servos. Quando tudo queria melhorar aparece o rei de Salém, e Abraão se compromete a dar o dizimo de tudo que possuía. Porque será que ele ainda estava de pé?
Creio que ele manteve-se de pé por 3 coisas que Deus lhe disse: a) Não temas. Para quem está enfrentando dificuldades, esta é a palavra para levantar o ânimo. b) Eu sou teu escudo. Para quem está sentindo solitário, esta é a segurança que precisamos. c) Teu galardão será grande. Deus mostra que há futuro, que as nuvens do presente momento passarão e que o sol voltará a brilhar. Para provar que estava falando sério, Deus mostra para onde Abraão deveria olhar: “olha para os céus” (Gn 15:5). Quando estamos em crise, andamos cabisbaixos, olhando para o chão. Por isso não são as crises que nos farão olhar para outra direção. Quando Deus nos acolhe, entendemos que temos que olhar para cima, para o céu, para Deus.
No meio das crises é que Deus se revela. Mesmo que a figueira não esteja florescendo, não haja fruto na videira, tão pouco azeite na botija e os campos não estejam produzindo frutos, ou que as ovelhas tenham sido roubadas e não haja gado nos currais, um crente ainda pode dizer: “todavia eu me alegro no Senhor!”
 
Então, enxuga as lágrimas e olha para os céus!